Como saber e provar que Deus existe, professor? Foi esta a pergunta que me foi feita por uma aluna durante esta semana. Pergunta complicada, não? Talvez você diga: é pelo sentir que provo a existência de Deus. Tal afirmação é uma verdade para você e para mim, contudo em tratando-se de algo particular, pergunto: mas e o ateu, em algum momento ele sentiu Deus? É possível que se utilize também como fundamento a natureza como obra que manifesta a ação do ser supremo, porém nem todos visualizam a natureza tal qual um teísta.
Tanto aqueles que acreditam, quanto aqueles que não crêem não podem provar de maneira concreta absolutamente nada, tudo é questão de fé. O crente crê na existência de Deus e o ateu crê na não existência. Mas quem tem razão? Esta resposta seria baseada em hipóteses abstratas ou experiências subjetivas, e isso seria insuficiente para constatar algo sobre o ser divino. A ciência não pode manipulá-lo em laboratório e provar a sua existência, tampouco a religião é capaz de desvelar a sua pessoa como realmente é em sua plenitude. Deus, como ser eterno e infinito, transcende a nossa realidade terrena e finita. O que se pode fazer é apenas conjecturar a existência de Deus e vinculá-la às experiências individuais e religiosas que cada um de nós possui. Neste sentido, pode-se dizer que tenhamos diversas facetas da compreensão acerca de Deus constituída a partir de nossa fé e de nossa vida. Tillich, em A Dinâmica da Fé, diz o seguinte: “deus é símbolo para Deus”. Talvez aquilo que não exista não seja realmente Deus, mas o conceito que temos em relação a ele. Seria deus de fato Deus? Ou apenas uma representação daquilo que cremos ser Deus?
Por mais que discutamos ou usemos de argumentos religiosos, teológicos ou filosóficos, não provaremos quem Deus evidentemente é em sua essência, isto, partindo do pressuposto de que ele exista. Quem diz ser capaz de revelá-lo, senão aquele que por sua própria experiência constitui-se um crente (todo aquele que acredita em Deus)? Neste caso, cada um pode ter uma representação do que venha a ser Deus.
Creio que Deus foi, é, e será, independente do que, ou em que acreditamos. Nossa razão, apesar de não ser excludente da vida religiosa, não delimita a ação do ser divino sobre o cosmos e a história humana. Não há provas materiais que neguem a sua existência. A fé não pode ser julgada e condenada por pessoas que não demonstram concretamente a não existência de Deus. O homem sempre buscará respostas, todavia pode ser que não encontre todas. Para os que crêem, Deus não depende de outro ser para existir, ele simplesmente é, e permanece como tal, ainda que muitos não creiam nele.
sábado, 15 de março de 2008
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3 comentários:
Em 1936, Albert Einstein já demonstrava a certeza de que o conhecimento científico não é incompatível com a espiritualidade. Ao contrário: à medida que os cientistas de hoje ampliam e aprofundam o trabalho de Einstein e de outros grandes nomes da física quântica, eles também criam uma nova religiosidade. Do heliocentrismo proposto por Copérnico, sua confirmação por Galileu, à descoberta da lei da gravidade por Newton, até que chegue a Einstein, aquele que traz definitivamente Deus para o campo da ciência, mas não o Deus dos homens criado pelas religiões — o Deus preciso como uma equação matemática, um acontecimento do universo, um dado a ser encontrado para podermos compreender a criação do mundo e seu funcionamento. O ateísmo ou a crença da existencia de Deus, sempre estarão baseadas nas proprias experiências q temos em vida com outras pessoas ou com Deus. Mas é preciso estar aberto a ouvir Deus. Muitas vezes o ambiente social ou religioso não nos permite ouvir Deus falando uq qr de nós. Cabe a cada um saber detectar estes ruídos para q possa estar na plenitude de comunicação com Deus.
É interessante ver como nós somos tendenciosos quando imaginamos Deus. Muito do que nós construímos de Deus é apenas projeção de nossos caprichos, medos e necessidades.
Vide a capacidade criativa do homem para criar desde santos casamenteiros e santos para desempregados, até deuses do sexo e da boa colheita. Todo mundo quer ter o deus que melhor atenda suas questões pessoais.
Mas, apesar de nós, Deus é o que é. Ele tem uma essência e uma personalidade próprias.
Graças à Deus. hehe.
À propósito, tem dois trechos de livros interessantes, que gosto muito, sobre esse assunto:
"A questão não é se Deus é provável, mas sim se Deus é real." Delírio de Dawnkins
"Meu mais recente esforço de fé não é do tipo intelectual. Mais cedo ou mais tarde você percebe que há alguns caras que não acreditam em Deus e podem provar que ele não existe e alguns outros caras que acreditam em Deus e podem provar que ele existe – e a esse ponto a discussão já deixou de ser a muito tempo sobre Deus e passou a ser sobre quem é mais inteligente; honestamente, não estou interessado nisso."
Como os pingüins me ensinaram a entender Deus
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