Na história humana percebemos o grande mal que certas ideologias clericais trouxeram para a vida das pessoas. Várias destas ideologias aprisionaram diversos povos, sujeitando-os à submissão exacerbada que, segundo a elite eclesiástica, era concebida pela soberana vontade de Deus.
Durante séculos, a igreja dita cristã promoveu o caos na vida de homens e mulheres ignóbeis, que na busca pelo céu, venderam sua alma e seu corpo para a elite sacerdotal.
No afã pela riqueza e pelas terras, foram realizadas as cruzadas na Idade Média. Muitos, acreditando ser uma guerra santa, puseram-se à disposição para enfrentar muçulmanos e judeus. Crianças eram colocadas à frente da batalha, pois para os “entendidos”, elas seriam protegidas por Deus. Mas não foi assim. Vidas foram ceifadas, cidades saqueadas, homens, mulheres e crianças foram dizimados diante daqueles que se diziam porta-vozes do reino dos céus. Levando consigo a cruz triunfante, os religiosos cristãos tentavam conquistar a sua vitória temporal. O ímpeto dos poderosos manipulava o nome de Deus para que lhes produzisse glória terrena, em detrimento dos que padeciam apenas porque queriam viver em paz.
Sim, a cruz triunfou na história, triunfou como jugo pesado no coração da humanidade. Triunfou e triunfa até hoje em diversos lugares e instituições como gana daqueles que se dizem promotores da vontade de Deus na terra, daqueles que manipulam a palavra para ter nas mãos os mais simples e ignorantes, daqueles que usam as escrituras de acordo com sua própria conveniência, daqueles que usam da boa retórica para convencer homens e mulheres de que seu evangelho é o mesmo pregado por Jesus.
A cruz do homem está repleta de pecados e é pesada, mas a cruz de Cristo está vazia e o túmulo também. Quem triunfou na eternidade não foi a cruz, foi o Cristo. Não há razão para viver debaixo de cargas impostas por homens e pelo pecado. A cruz foi apenas o palco da libertação. Lá no alto, pendurado, estava o verdadeiro autor do triunfo e da libertação eterna da humanidade , Jesus Cristo.
sábado, 8 de dezembro de 2007
Parte do trabalho sobre o Evangelho de Judas
No período da igreja primitiva, a mensagem era transmitida oralmente. Não havia livros do novo testamento. A mensagem estava pautada no discurso da morte e ressurreição de Cristo. Para a igreja, o importante era a presença do Espírito e a mensagem da salvação. Essa fase é chamada de “tradição oral”.
Entre os discursos de Jesus e a formação dos escritos há alguns estágios importantes: Jesus criou uma tradição, discipulou seus discípulos para levarem esta tradição com técnicas rabínicas de memorização e transmissão, a ressurreição foi o acontecimento chave para a compreensão definitiva do propósito de Jesus e promulgação de seu evangelho, os discípulos começaram a divulgação da mensagem em torno da ressurreição. Após a fase oral, a pregação começou a ser transformada em textos. A partir deste período , os discípulos colheram informações para confeccionarem os escritos tais quais conhecemos hoje. Com o surgimento dos evangelhos, coleções começaram a ser formadas.
Com a formação de livros, foi necessária a execução do cânon. Haveria de se escolher os livros que formariam parte do novo testamento, pois naquela época haviam diversos livros sendo utilizados pelas comunidades cristãs. Era importante selecioná-los conforme a doutrina cristã e os ensinamentos de Cristo. É bem verdade que os livros que fizeram parte do cânon já tinham certa autoridade na comunidade. Eles não foram escolhidos por um grupo isolado, pois já possuíam autoridade na igreja primitiva. Outros livros não foram reconhecidos. Estes eram chamados de apócrifos, que significa “aquilo que está oculto”. Esses escritos pertenciam e eram aceitos por grupos pequenos na comunidade primitiva. Cinco critérios básicos eram considerados para a escolha de um livro: se ele era autorizado, profético, digno de confiança , dinâmico e aceito pelas comunidades. O processo foi lento, porém simples e natural no decorrer da história.
Outro ponto relevante na história da igreja, foi a existência de pequenos grupos que se consideravam cristãos e que produziram escritos que têm grande colaboração histórica atualmente. A igreja se tornou centro do império romano, a religião cristã cresceu e também o número de documentos e escritos. O estudo e a busca por novas fontes cresceram e por isso foram descobertos vários fragmentos da época da igreja cristã, produzidos por pequenos grupos. Muitas dessas descobertas colaboraram extremamente para a disponibilidade de textos inéditos que têm relação com outros escritos.
Sabe-se que os responsáveis por produzir o escrito de Judas foram os gnósticos. Não eram um grupo fechado, mas uma tendência com várias facetas. Gnosticismo significa “conhecimento”. Nesta filosofia, acreditava-se que o espírito deveria se libertar da matéria que era ruim. Para eles existia um deus inferior que criara a matéria, e outro que era totalmente espírito. O Deus do Antigo Testamento era considerado como deus inferior, já que criara o universo, a matéria. A salvação vinha através do conhecimento superior. Tinham por objetivo destruir a matéria, viam na morte uma libertação do mal. Cristo era para eles um Espírito que viera e tomara parte no corpo de Jesus durante o batismo, e que se retirara na morte na cruz. Não acreditavam na encarnação, pois o espírito estaria corrompido pela matéria. Os seres humanos eram divididos em três categorias pelos gnósticos: os terrenos, os psíquicos e os pneumáticos. Este grupo se espalhou pelo mundo e estabeleceu doutrinas próprias. Interessavam-se por Judas, talvez pelo seu ato ao entregar Jesus à morte, isto é, segundo eles, à libertação.
Os gnósticos, segundo a história, foram os responsáveis por produzir o evangelho de Judas. Eles não se preocuparam em descrever um Jesus e um Judas histórico. Neste escrito, verificamos a tendência gnóstica de reproduzir suas doutrinas. Este evangelho não fora, portanto, escrito por Judas. Já no início de sua existência era desprezado pelos pais da igreja por apresentar um Jesus mais próximo do gnosticismo do que do judaísmo do primeiro século. Este escrito durante muito tempo manteve-se na lista de evangelhos perdidos. Sua descoberta figurou no ano de 1978 junto com outros escritos. Esse conjunto circulou entre comerciantes e posteriormente foi guardado em um banco em Nova Iorque durante dezesseis anos. Após vários testes, que comprovaram sua autenticidade, o documento foi datado com certa precisão para meados dos séculos III ou IV, sendo este documento uma cópia, possivelmente houve um original escrito em grego. Após sua tradução foi revelado o evangelho de Judas, assim como outras fontes antigas. A partir de então, o evangelho de Judas foi conhecido por diversos estudiosos.
Pesquisadores afirmam que este escrito não tem qualquer relação com a revelação do Jesus histórico, contudo torna-se muito importante para análise da história do cristianismo.
O livro de Judas começa com uma introdução e mostra a suposta revelação que Jesus teria feito a Judas. O próximo passo do livro é mostrar um Jesus que não se relaciona apenas em seu tempo. Jesus é um ser místico, desaparece e muda de forma. Não aparecem os atos, mas os discursos de Cristo. Após a introdução, o evangelho se divide em três partes: A oração de ação de graças, a visão do templo e a gnose de Jesus.
Na primeira parte, Jesus sinaliza que os discípulos buscavam o deus errado, ao dar graças pelo pão. Para os gnósticos a matéria era má, e o deus que fizera a matéria era similar ao deus do antigo testamento. O deus maior ainda não havia sido alcançado pelos discípulos. O único que compreendera a visão de Jesus fora Judas.
O segundo momento do evangelho é a visão do templo. Jesus interpreta o sonho dos discípulos sobre a grandiosidade do templo. Judas indaga a Jesus sobre a relação geração humana e espiritual. Jesus, então, narra os acontecimentos finais sobre a morte das almas e corpo das pessoas.
A terceira parte do livro trata sobre o diálogo de Judas com Jesus. Judas conta sonhos a Jesus, e ele os interpreta, ensinando-o sobre os segredos espirituais. Na visão, Judas se sente perseguido pelos apóstolos, talvez isto sirva para expressar uma possível perseguição que o grupo gnóstico estava sofrendo por parte de outras igrejas. Judas teria sido o único discípulo a realmente entender o propósito de Jesus. Ele ensina Judas sobre a criação do universo, em um processo complexo dos gósticos. Para eles o Espírito superior havia criado todas as coisas incorruptíveis, porém um dos seres criados idealizou a matéria, aprisionando assim os espíritos.
O fim do livro mostra Judas como um herói. Ele se torna o grande responsável por libertar Jesus do corpo. Este corpo era apenas uma vestimenta e precisava ser sacrificado. Ele entrega o mestre, recebe as trinta moedas de prata e desaparece. Seu suicídio não é narrado no livro, talvez para deixar implícito que Judas tenha ascendido ao reino espiritual.
Os evangelhos canônicos não produziram mensagens ocultas ou novas, essas foram algumas razões que permitiram a aceitação por parte das comunidades cristãs. Já o evangelho de Judas não foi aceito por trazer informações produzidas por um grupo que tinha por objetivo disseminar suas doutrinas.
Estudiosos ao longo de vários anos desenvolveram técnicas para separar a mensagem de todos os documentos. Um dos métodos mais conhecido chama-se “estudo comparativo das religiões”, que utiliza o critério da dessemelhança.
O Jesus descrito não tem semelhança com o Jesus judeu, mas com um tipo de mestre do gnósticismo, produzido para um fim gnóstico. O Jesus do livro de Judas, portanto, não poderia ser jamais igualado ao Jesus que conhecemos nos quatro evangelhos.
O livro de Judas foi uma grande descoberta para os estudos da cristandade, mas não substitui os evangelhos e nem acrescenta nenhuma nova doutrina ao cristianismo. Sua importância é histórica. A doutrina do cristianismo sempre estará fundamentada na palavra de Deus, e nenhum escrito ou livro achado poderá substituí-la.
Entre os discursos de Jesus e a formação dos escritos há alguns estágios importantes: Jesus criou uma tradição, discipulou seus discípulos para levarem esta tradição com técnicas rabínicas de memorização e transmissão, a ressurreição foi o acontecimento chave para a compreensão definitiva do propósito de Jesus e promulgação de seu evangelho, os discípulos começaram a divulgação da mensagem em torno da ressurreição. Após a fase oral, a pregação começou a ser transformada em textos. A partir deste período , os discípulos colheram informações para confeccionarem os escritos tais quais conhecemos hoje. Com o surgimento dos evangelhos, coleções começaram a ser formadas.
Com a formação de livros, foi necessária a execução do cânon. Haveria de se escolher os livros que formariam parte do novo testamento, pois naquela época haviam diversos livros sendo utilizados pelas comunidades cristãs. Era importante selecioná-los conforme a doutrina cristã e os ensinamentos de Cristo. É bem verdade que os livros que fizeram parte do cânon já tinham certa autoridade na comunidade. Eles não foram escolhidos por um grupo isolado, pois já possuíam autoridade na igreja primitiva. Outros livros não foram reconhecidos. Estes eram chamados de apócrifos, que significa “aquilo que está oculto”. Esses escritos pertenciam e eram aceitos por grupos pequenos na comunidade primitiva. Cinco critérios básicos eram considerados para a escolha de um livro: se ele era autorizado, profético, digno de confiança , dinâmico e aceito pelas comunidades. O processo foi lento, porém simples e natural no decorrer da história.
Outro ponto relevante na história da igreja, foi a existência de pequenos grupos que se consideravam cristãos e que produziram escritos que têm grande colaboração histórica atualmente. A igreja se tornou centro do império romano, a religião cristã cresceu e também o número de documentos e escritos. O estudo e a busca por novas fontes cresceram e por isso foram descobertos vários fragmentos da época da igreja cristã, produzidos por pequenos grupos. Muitas dessas descobertas colaboraram extremamente para a disponibilidade de textos inéditos que têm relação com outros escritos.
Sabe-se que os responsáveis por produzir o escrito de Judas foram os gnósticos. Não eram um grupo fechado, mas uma tendência com várias facetas. Gnosticismo significa “conhecimento”. Nesta filosofia, acreditava-se que o espírito deveria se libertar da matéria que era ruim. Para eles existia um deus inferior que criara a matéria, e outro que era totalmente espírito. O Deus do Antigo Testamento era considerado como deus inferior, já que criara o universo, a matéria. A salvação vinha através do conhecimento superior. Tinham por objetivo destruir a matéria, viam na morte uma libertação do mal. Cristo era para eles um Espírito que viera e tomara parte no corpo de Jesus durante o batismo, e que se retirara na morte na cruz. Não acreditavam na encarnação, pois o espírito estaria corrompido pela matéria. Os seres humanos eram divididos em três categorias pelos gnósticos: os terrenos, os psíquicos e os pneumáticos. Este grupo se espalhou pelo mundo e estabeleceu doutrinas próprias. Interessavam-se por Judas, talvez pelo seu ato ao entregar Jesus à morte, isto é, segundo eles, à libertação.
Os gnósticos, segundo a história, foram os responsáveis por produzir o evangelho de Judas. Eles não se preocuparam em descrever um Jesus e um Judas histórico. Neste escrito, verificamos a tendência gnóstica de reproduzir suas doutrinas. Este evangelho não fora, portanto, escrito por Judas. Já no início de sua existência era desprezado pelos pais da igreja por apresentar um Jesus mais próximo do gnosticismo do que do judaísmo do primeiro século. Este escrito durante muito tempo manteve-se na lista de evangelhos perdidos. Sua descoberta figurou no ano de 1978 junto com outros escritos. Esse conjunto circulou entre comerciantes e posteriormente foi guardado em um banco em Nova Iorque durante dezesseis anos. Após vários testes, que comprovaram sua autenticidade, o documento foi datado com certa precisão para meados dos séculos III ou IV, sendo este documento uma cópia, possivelmente houve um original escrito em grego. Após sua tradução foi revelado o evangelho de Judas, assim como outras fontes antigas. A partir de então, o evangelho de Judas foi conhecido por diversos estudiosos.
Pesquisadores afirmam que este escrito não tem qualquer relação com a revelação do Jesus histórico, contudo torna-se muito importante para análise da história do cristianismo.
O livro de Judas começa com uma introdução e mostra a suposta revelação que Jesus teria feito a Judas. O próximo passo do livro é mostrar um Jesus que não se relaciona apenas em seu tempo. Jesus é um ser místico, desaparece e muda de forma. Não aparecem os atos, mas os discursos de Cristo. Após a introdução, o evangelho se divide em três partes: A oração de ação de graças, a visão do templo e a gnose de Jesus.
Na primeira parte, Jesus sinaliza que os discípulos buscavam o deus errado, ao dar graças pelo pão. Para os gnósticos a matéria era má, e o deus que fizera a matéria era similar ao deus do antigo testamento. O deus maior ainda não havia sido alcançado pelos discípulos. O único que compreendera a visão de Jesus fora Judas.
O segundo momento do evangelho é a visão do templo. Jesus interpreta o sonho dos discípulos sobre a grandiosidade do templo. Judas indaga a Jesus sobre a relação geração humana e espiritual. Jesus, então, narra os acontecimentos finais sobre a morte das almas e corpo das pessoas.
A terceira parte do livro trata sobre o diálogo de Judas com Jesus. Judas conta sonhos a Jesus, e ele os interpreta, ensinando-o sobre os segredos espirituais. Na visão, Judas se sente perseguido pelos apóstolos, talvez isto sirva para expressar uma possível perseguição que o grupo gnóstico estava sofrendo por parte de outras igrejas. Judas teria sido o único discípulo a realmente entender o propósito de Jesus. Ele ensina Judas sobre a criação do universo, em um processo complexo dos gósticos. Para eles o Espírito superior havia criado todas as coisas incorruptíveis, porém um dos seres criados idealizou a matéria, aprisionando assim os espíritos.
O fim do livro mostra Judas como um herói. Ele se torna o grande responsável por libertar Jesus do corpo. Este corpo era apenas uma vestimenta e precisava ser sacrificado. Ele entrega o mestre, recebe as trinta moedas de prata e desaparece. Seu suicídio não é narrado no livro, talvez para deixar implícito que Judas tenha ascendido ao reino espiritual.
Os evangelhos canônicos não produziram mensagens ocultas ou novas, essas foram algumas razões que permitiram a aceitação por parte das comunidades cristãs. Já o evangelho de Judas não foi aceito por trazer informações produzidas por um grupo que tinha por objetivo disseminar suas doutrinas.
Estudiosos ao longo de vários anos desenvolveram técnicas para separar a mensagem de todos os documentos. Um dos métodos mais conhecido chama-se “estudo comparativo das religiões”, que utiliza o critério da dessemelhança.
O Jesus descrito não tem semelhança com o Jesus judeu, mas com um tipo de mestre do gnósticismo, produzido para um fim gnóstico. O Jesus do livro de Judas, portanto, não poderia ser jamais igualado ao Jesus que conhecemos nos quatro evangelhos.
O livro de Judas foi uma grande descoberta para os estudos da cristandade, mas não substitui os evangelhos e nem acrescenta nenhuma nova doutrina ao cristianismo. Sua importância é histórica. A doutrina do cristianismo sempre estará fundamentada na palavra de Deus, e nenhum escrito ou livro achado poderá substituí-la.
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