terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O que aprendi em 2007

Pensei no que escrever esta semana. Deparei-me com a possibilidade de dissertar sobre as mais diversas expectativas para este novo tempo, no entanto resolvi abrir mão desse tipo de texto. Assim como penso no futuro e faço planos para tanto, também reflito sobre o passado, sobre os erros cometidos, sobre os acertos obtidos e sobre fatos que vivenciei até mesmo em tempos mais remotos de minha simples existência. Diante deste desafio, que é rever um pouco de minha experiência, propus-me a colocar em algumas poucas linhas o que assimilei no ano que se passou. Sei que jamais terei condições de voltar atrás em alguns passos que dei, entretanto entendo que cada caminhada foi um aprendizado, uma experiência que me ajudou a amadurecer dia após dia e até hoje tem me ajudado. Apreendi algumas coisas que julgo serem relevantes para mim e para quem convive comigo. Desta forma, passo-lhe em poucas palavras o que aprendi.

Aprendi a ouvir mais as pessoas, a observá-las e a conhecê-las, evitando ao máximo o pré-julgamento. Sei que não atingi a perfeição, contudo compreendi que vale a pena investir em novos relacionamentos, ainda que a pessoa seja diferente. A Bíblia nos ensina que devemos tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. Durante algumas etapas de meus relacionamentos, pessoas me julgaram, pelo simples fato de eu ser diferente delas em alguns aspectos. Da mesma maneira eu agi e admito ter errado, talvez pelo meu fundamentalismo religioso ou até por achar-me melhor do que elas, mas como sabemos, erro não se justifica, admite-se. Cristo não nos ensinou que seríamos melhores ou piores do que os outros, mas que deveríamos servir uns aos outros. Ele mesmo lavou os pés de seus discípulos, mesmo sendo Deus.
Aprendi que o importante é servir, seja ouvindo ou ajudando o meu próximo em suas necessidades.

Aprendi a sair do meu próprio mundo. Durante um bom período, estive preso a conceitos que mais me aprisionavam do que me concediam liberdade. A vida era bem diferente daquela que vivia dentro de minha subjetividade. O mundo não girava ao meu redor, tampouco estava ao meu serviço. É verdade que não deixei de ser eu, de possuir minhas particularidades, mas redirecionei minha visão para o lado externo do meu individualismo. Foi desta forma que me tornei mais acessível aos outros, incorporando novos conceitos de vida e valores que me fizeram crescer.
A Bíblia fala que Jesus esvaziou-se de si mesmo, para tornar-se homem e relacionar-se conosco. Assim foi possível o acesso a Deus, por meio do Jesus homem.
O meu mundo era somente meu e de mais ninguém. Minhas concepções estavam estagnadas, todavia com a proposta de compartilhar um pouco de mim, percebi mais o que sou e o que os outros representam. Comecei a enxergar melhor a minha vida, erros e virtudes que outrora não havia notado.


Aprendi que não mudarei o mundo ao meu redor sozinho. Quantas e quantas vezes tentei resolver questões que não eram de minha alçada, pelo simples fato de ver as coisas acontecendo harmonicamente. A fadiga desnecessária estava corroendo e desgastando minha saúde. Às vezes é mister interromper o processo de desgaste e ouvir a voz de Deus, como fez o profeta Habacuque, quando ficou em silêncio, esperando Deus falar em sua torre de vigia. Foi o que fiz. Dar um tempo foi essencial para que eu entendesse melhor a vontade de Deus. Não posso abraçar o mundo com as duas mãos. Pessoas têm responsabilidades. Não posso carregar o jugo de outrem desnecessariamente, quando tenho que exercer minhas próprias responsabilidades.


Aprendi a valorizar a simplicidade da vida. Houve um tempo em que encarava as coisas de uma forma demasiadamente complexa. Eu era extremamente alienado. Hoje entendo que muitos problemas que passei foram gerados pela minha cosmovisão equivocada. A Bíblia diz que Deus usa as coisas loucas para confundir os sábios. Deus usa as coisas simples deste mundo. Jesus foi um homem simples, apesar de toda a complexidade de sua natureza. Falar rebuscado para impressionar, usar de artifícios diversos para conquistar a confiança das pessoas, entrar no sistema no intuito de ser bem visto por alguns, tudo isso se tornou obsoleto. É evidente que não me tornei um irresponsável, achando que tudo na vida é simples, mas hoje valorizo a simplicidade, tentando extrair de cada momento simples grandes valores para minha vida.


Aprendi a amar mais minha família. Em 2007 tive a oportunidade de aproximar-me mais da minha família por parte de mãe. Quem me conhece sabe que não vivo com ela, nem com minha irmã. Tivemos um problema neste período, um problema familiar. As lutas foram difíceis, pedi diversas vezes ajuda aos irmãos em oração. Deus ouviu os pedidos e o caso foi resolvido. Entendi que todo esse episódio ajudou-me a tornar-me mais próximo de meus entes. Senti que estava distante, que deveria valorizá-los mais, que deveria mostrar na prática o amor que sentia por eles, não obstante a distância que nos separava. A luta com certeza foi o pontapé inicial para que eu compreendesse a necessidade de tomar uma atitude frente à situação que ocorria.


Aprendi que não é justo manipular as pessoas através da religião, que não sou dono da verdade, que dentro de meus conceitos religiosos também existem erros. Acredito que a salvação é por meio de Cristo sim, mas que nenhuma igreja ou religião tem a tutela da salvação. O religioso alienado tenta colocar Deus em uma caixa e manipulá-lo. Não posso manipular Deus, tampouco as pessoas que convivem comigo. Se Deus fosse religioso, de qual religião ele seria? O protestante diria ser o protestantismo, o católico o catolicismo, o muçulmano o islamismo e etc. Acho que enquanto colocarmos nossa própria verdade à frente de tudo, seremos incapazes de amar verdadeiramente. Jesus nos ensinou o amor. Se existe uma religião verdadeira que seja o amor a Deus e ao próximo. Depois de tanto refletir sobre isso, reconheci o quão mesquinho eu me tornara como cristão e como religioso. Tinha o púlpito e o altar, mas onde estava o amor? Tive que parar e rever que tipo de discípulo eu era de Cristo que me ensinou em atitudes o que significa amar.


Aprendi que preciso aprender. Como disse, não tenho a chave para a verdade absoluta. Quando entrei no seminário, achava que sabia muito de teologia. Na verdade eu sabia muito de coisa nenhuma. Quase todo conhecimento foi reformulado diante de tantos conceitos novos expostos diante de mim. Cada vez que leio ou estudo, sinto a necessidade de aprender ainda mais. Quanto à vida, sei que a estrada pode ser longa, e que cada passo é um instante próprio para parar e refletir no que eu aprendi. Vou vivenciar 2008 agora. É mais um ano. Quem sabe poderei estar diferente em 2009. Os pensamentos mudam, conceitos também, contudo o meu alvo não. Sigo adiante para o alvo que é Cristo, nisto não mudarei jamais.

Há muitas outras coisas além do que escrevi que aprendi em 2007, mas acho que essas são as principais.

Que você reflita também no que aprendeu em 2007, que Deus lhe abençoe e que lhe enriqueça de oportunidades onde você possa aprender, crescer e amadurecer.

Feliz 2008