quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Vendendo, vem Jesus

Na madrugada de domingo resolvi ligar a TV, por curiosidade coloquei em um daqueles programas que dizem resolver qualquer tipo de problema que alguém possua. É bem provável que você já tenha deduzido qual o tipo de programação de que estou falando. É aquela que se diz evangélica, cristã e que realiza milagres em nome de Deus. Não vou dar nome aos bois aqui, não creio que seja conveniente citar nomes. No decorrer da programação, ouvi um pastor dizer o seguinte: “Eu vou estar lá pra lhe abençoar, ninguém vai estar no meu lugar, eu mesmo estarei”. Com a voz rústica, a impressão que dava é que realmente possuía uma virtude fenomenal, uma autoridade sem igual. Ninguém, que não fosse ele, poderia abençoar as pessoas que estavam assistindo aquele programa. Fiquei estarrecido com a situação. Apesar de já ter visto e ouvido coisas mirabolantes, nunca ouvira uma declaração daquela. Mais uma para o meu histórico de heresias da igreja pós-moderna.
O que se mostra hoje é uma aberração do evangelho de Cristo. Jesus é vendido o tempo todo às pessoas. E não estou apenas referindo-me às igrejas neopentecostais, englobo também muitas tradicionais e pentecostais. É uma pena que em um universo de tantas denominações e igrejas, poucas são as que realmente buscam viver o evangelho pregado por Cristo. A lei tem prevalecido no seio das igrejas. Para se conseguir adeptos que se tornem colaboradores, patrocinadores e dizimistas, pregadores e líderes têm vendido bênçãos, como se Deus dependesse de dinheiro para abençoar. Se fosse assim, quanto valeria o sol que nos ilumina? Teríamos que pagar tributo pelo sol? Porque a Bíblia diz que o próprio Deus faz nascer o sol e cair chuva sobre justos e injustos, ou seja, Deus os abençoa sem cobrar um tostão. É triste ver como as pessoas são enganadas e manipuladas. Até o valor de quanto cada um deve colaborar já é estabelecido em rede de televisão. Ademais da venda de bênçãos, deparamo-nos com o uso de utensílios do judaísmo como prática cristã. Será que voltaremos a sacrificar animais? Então vamos montar uma barraca nos pátios das igrejas e vender pombos aos pobres para que ofereçam sacrifício vivo, santo e agradável ao Deus de Israel.
Creio que já é tempo das vozes proféticas se levantarem, estamos em uma época de calamidade cristã, onde muitos no mundo já não mais vêem a luz de Cristo na instituição igreja. Qual a imagem que temos fora das quatro paredes? Será que somos uma instituição tão enraizada no capitalismo a ponto do capital e do bem-estar pessoal ser mais relevante do que o próximo?
Por que muitas pessoas deixaram os bancos de nossos luxuosos templos vazios? Será que nosso evangelho é o mesmo de Cristo? Onde está a graça de Deus? Será que está só no nome de nossas denominações, enquanto a prática é baseada na lei?
Há muitas perguntas que são deixadas de lado pelo estilo cristão que se vive hoje. Cabe aos que não se conformam nem com este mundo, nem com esta religião vazia uma atitude adversa ao que vem sendo pregado durante muitos anos e chamado por muitos falsos profetas de cristianismo.