Quando eu era criança, ouvia aquela música “mundo o que será de ti, ao soar a última trombeta?” Esse trecho me marcava profundamente. Vinha à minha mente a cena do grande e temível dia do Juízo Final, onde miríades de anjos apareceriam no céu, a igreja seria arrebatada e Jesus Cristo com espada de fogo viria para implantar o seu juízo no mundo. Eu morria de medo. Não queria fazer parte do mundo de jeito nenhum, eu queria distância do pecado, ele lá e eu cá. O tempo foi passando e percebi que as pessoas não estavam muito preocupadas com isso. No mundo isso é normal. Aliás, quem é que se preocupa com pecado no mundão? É só você sair da sua poltrona e ir às ruas nas sextas e nos sábados. É uma festança só, todo mundo é de todo mundo e ninguém é de ninguém. Para eles está tudo legal, é só cada um andar com uma cruzinha no pescoço ou um santinho que estará livre do mal..., será? É o que alguns acham.
Bom, o que mais me intriga não é o mundão. O mundo é o mundo, não é mesmo? O que mais me alarma é a situação em que vivem certas ovelhinhas desgarradas. Estão dentro da cerca, mas quando o rebanho se dispersa, as ovelhas ficam como se não tivessem pastor. Imagine se Jesus contasse a parábola da ovelha perdida hoje. Será que as noventa e nove estariam no aprisco e só uma perdida? Acredito que não. Poderíamos inverter, e dizer que só uma ficaria no aprisco e as noventa e nove estariam nos montes, ou talvez nas boates, nas baladas da noite, pegando um, pegando outras e etc.
Já diz o ditado “Só não vê quem é cego”. A coisa está feia. Deveríamos voltar a cantar aquele hino “Segura na mão de Deus e vai...” Segura mesmo, porque o mundo anda arrastando dezenas de jovens crentes para pular a cerca do rebanho. A realidade é cruel. O mundo é mau, só que as pessoas só percebem isso após terem experimentado os prazeres da carne. O problema é que ninguém quer pagar o preço depois. Descobrem que tudo era ilusão e aí se deparam com conseqüências que são reais e às vezes bem duradouras. Temos levantado a voz, as mãos, os pés no domingo, mas poucos são aqueles que dobram seus corações na presença de Deus todos os dias. Paulo escreveu: “jovens, escrevo a vocês, porque são fortes e já venceram o maligno”. Será que realmente somos fortes de tal maneira que conseguimos vencer o inimigo? O desafio é grande, se não mudarmos a cara da igreja de hoje, seremos com certeza parecidos com o mundo amanhã, aí teremos que mudar a musiquinha para: “igreja o que será de ti ao soar a última trombeta?”
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
domingo, 21 de outubro de 2007
O grito de Deus
Na vida todo mundo já gritou um dia, e se ainda não o fez, certamente o fará. De fato há vários gritos no mundo. Cada momento pode retratar uma forma singular da expressão máxima de um sentimento através do grito. Veja por exemplo a criança quando nasce. Sem saber em que mundo se meteu, ou melhor, que a meteram, expressa sua primeira reação através do choro. Seu desligamento do mundo materno, levá-lhe a uma nova realidade de mundo, mesmo sem ter compreensão do que está acontecendo ou de onde está. Seu primeiro ato é chorar ao levar a primeira pancada da vida. Assim somos nós. Nosso choro está escondido no silêncio de nossa alma. Às vezes dá vontade de sair gritando, colocando pra fora todo sentimento que nos aprisiona dentro do nosso coração.
Como eu disse, há vários tipos de gritos. Há gritos de alegria, como aquele que soltamos quando o nosso time do coração faz o gol da vitória aos 48 minutos do segundo tempo ou quando sabemos da aprovação no vestibular ou em algum concurso importante. Há o grito da angústia, da fome, da morte, enfim, quem nunca gritou alguma vez, mesmo que tenha sido em silêncio?
Na Bíblia encontramos alguns gritos. O cego de Jericó é um bom exemplo. Ao ver o mestre passando pelas ruas, não podia perder sua única oportunidade. Era gritar ou permanecer cego para sempre. Sem perder a esperança e sem se importar com a multidão, ele gritou: “Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim” Imagine só, por um grito de fé, Bartimeu foi curado.
Há também o grito da acusação, quem nunca ouviu sua própria consciência gritando e acusando a si mesmo. Parece que algo dentro de nós nos sufoca, algumas vezes até pensamos em desistir da vida, desprezamos-nos por acharmo-nos indignos, incapazes, pequenos demais para sermos alguma coisa nesta vida. Quando olhamos para o mestre Jesus, percebemos que ele também passou por algo parecido, só que não era a sua consciência, mas uma multidão consciente. Imagine se você estivesse no lugar de Jesus e uma multidão gritasse “crucifica-o, crucifica-o”. O peso externo certamente abalou Jesus, o homem. Desprezado e amargurado, levando consigo mais do que o peso da cruz, levou o peso dos nossos pecados, da nossa consciência ferida, da nossa alma abatida, suportou a acusação e o grito de homens racionais: “crucifica-o, crucifica-o”.
O mestre suportara tudo em silêncio. Acredito que dentro de si, Jesus estava gritando pelo socorro do Pai, mas como sempre, assim como no monte das oliveiras, ele deve ter pensado, “mas que se faça a tua vontade”. E se Jesus pudesse gritar na hora da dor, o que ele faria? Na verdade ele gritou, não expôs a voz para ofender quem o ofendia, nem para humilhar quem o havia humilhado, simplesmente ele gritou por perdão. Deveria ser assim com cada um de nós, quando alguém nos ofendesse. Ao invés do grito do ódio e da ofensa, proferíssemos palavras de amor e perdão. Jesus, na cruz , gritou em alto e bom som “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. A voz foi ouvida em todo lugar, no céu, no inferno, na terra e nos nossos corações. Talvez nosso grito deva ser dado para dentro de nós mesmos, pois apesar de Deus nos ter perdoado, muitas vezes carregamos jugos dentro do nosso coração e somos incapazes de perdoar a nós mesmos. Talvez o nosso grito deva ser um pouco diferente “Eu me perdôo, pois Deus já me perdoou na cruz do calvário”.
O último grito da vida de muitos é o da morte, alguns se vão em silêncio, mas mesmos aqueles que se vão em silêncio, às vezes são despedidos com gritos de dor e saudade. Com Jesus, quem esteve em silêncio foi o Pai. Imagine você vendo o seu filho morrer sem poder falar nada, sem fazer nada. Deus só podia ficar em silêncio, vendo seu filho unigênito morrer como um assassino, um ladrão, um adúltero, um traidor, um sonegador, um mentiroso... Deus estava observando seu Filho morrer em nosso lugar com os nossos pecados e erros, sem ter culpa nenhuma do que fizemos, ele estava morrendo como cada um deveria morrer. A morte do Justo trouxe vida para os injustos. Na última hora antes da morte, ele soltou o grito que trouxe a oportunidade de vida aos homens, “tudo está consumado”. Aquele era o grito final, o grito de morte, trouxe a vida e paz ao coração humano. O grito de Deus foi dado para silenciar a morte de uma vez por todas. Deus gritou por todos nós. Ele gritou pela nossa independência da morte, só que seu grito lhe custou sua própria vida, seu Filho Jesus.
Como eu disse, há vários tipos de gritos. Há gritos de alegria, como aquele que soltamos quando o nosso time do coração faz o gol da vitória aos 48 minutos do segundo tempo ou quando sabemos da aprovação no vestibular ou em algum concurso importante. Há o grito da angústia, da fome, da morte, enfim, quem nunca gritou alguma vez, mesmo que tenha sido em silêncio?
Na Bíblia encontramos alguns gritos. O cego de Jericó é um bom exemplo. Ao ver o mestre passando pelas ruas, não podia perder sua única oportunidade. Era gritar ou permanecer cego para sempre. Sem perder a esperança e sem se importar com a multidão, ele gritou: “Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim” Imagine só, por um grito de fé, Bartimeu foi curado.
Há também o grito da acusação, quem nunca ouviu sua própria consciência gritando e acusando a si mesmo. Parece que algo dentro de nós nos sufoca, algumas vezes até pensamos em desistir da vida, desprezamos-nos por acharmo-nos indignos, incapazes, pequenos demais para sermos alguma coisa nesta vida. Quando olhamos para o mestre Jesus, percebemos que ele também passou por algo parecido, só que não era a sua consciência, mas uma multidão consciente. Imagine se você estivesse no lugar de Jesus e uma multidão gritasse “crucifica-o, crucifica-o”. O peso externo certamente abalou Jesus, o homem. Desprezado e amargurado, levando consigo mais do que o peso da cruz, levou o peso dos nossos pecados, da nossa consciência ferida, da nossa alma abatida, suportou a acusação e o grito de homens racionais: “crucifica-o, crucifica-o”.
O mestre suportara tudo em silêncio. Acredito que dentro de si, Jesus estava gritando pelo socorro do Pai, mas como sempre, assim como no monte das oliveiras, ele deve ter pensado, “mas que se faça a tua vontade”. E se Jesus pudesse gritar na hora da dor, o que ele faria? Na verdade ele gritou, não expôs a voz para ofender quem o ofendia, nem para humilhar quem o havia humilhado, simplesmente ele gritou por perdão. Deveria ser assim com cada um de nós, quando alguém nos ofendesse. Ao invés do grito do ódio e da ofensa, proferíssemos palavras de amor e perdão. Jesus, na cruz , gritou em alto e bom som “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. A voz foi ouvida em todo lugar, no céu, no inferno, na terra e nos nossos corações. Talvez nosso grito deva ser dado para dentro de nós mesmos, pois apesar de Deus nos ter perdoado, muitas vezes carregamos jugos dentro do nosso coração e somos incapazes de perdoar a nós mesmos. Talvez o nosso grito deva ser um pouco diferente “Eu me perdôo, pois Deus já me perdoou na cruz do calvário”.
O último grito da vida de muitos é o da morte, alguns se vão em silêncio, mas mesmos aqueles que se vão em silêncio, às vezes são despedidos com gritos de dor e saudade. Com Jesus, quem esteve em silêncio foi o Pai. Imagine você vendo o seu filho morrer sem poder falar nada, sem fazer nada. Deus só podia ficar em silêncio, vendo seu filho unigênito morrer como um assassino, um ladrão, um adúltero, um traidor, um sonegador, um mentiroso... Deus estava observando seu Filho morrer em nosso lugar com os nossos pecados e erros, sem ter culpa nenhuma do que fizemos, ele estava morrendo como cada um deveria morrer. A morte do Justo trouxe vida para os injustos. Na última hora antes da morte, ele soltou o grito que trouxe a oportunidade de vida aos homens, “tudo está consumado”. Aquele era o grito final, o grito de morte, trouxe a vida e paz ao coração humano. O grito de Deus foi dado para silenciar a morte de uma vez por todas. Deus gritou por todos nós. Ele gritou pela nossa independência da morte, só que seu grito lhe custou sua própria vida, seu Filho Jesus.
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